This is a guest post in Portuguese by Christine Marote, a Brazilian expatriate residing in China. This post describes how Chris has decided to “tame the dragon” and learn Mandarin!
De novo estou eu em mais uma tentativa insana de aprender mandarim. Nunca fui boa para línguas, isso é fato. Por pura necessidade me tornei fluente no inglês (com restrições, claro), arranho o espanhol (na realidade entendo e leio sem problemas). Mas o mandarim não passa das frases básicas, do tipo: quanto custa? Não te entendo. Muito bom. Não quero. Não tenho. E assim vai. Escrever então é uma das maiores dificuldades. Mas é isso que me fascina nessa língua. Aqueles desenhos com muitos traços e que cada um, das centenas que existem, possui um significado completamente diferente.
No semestre passado comecei um curso que me motivou bastante. O dia que consegui falar para minha ‘ayi’ que eu não achava uma calça que queria usar, e ela (acho que meio assustada com meu feito) saiu correndo e voltou com a calça na mão, foi uma sensação indescritível! Pode parecer uma bobagem, mas realmente falar o mesmo idioma, conseguir se comunicar, se fazer entender é muito bom! A sensação é um misto de alegria com orgulho. Acho que só quem vive isso pode realmente entender o que falo. Principalmente se estamos falando de um idioma em que nem os símbolos da escrita são os mesmos que os nossos.
Bom, mas esse curso é ótimo, vou continuar nele, só que não ensina a escrever. E eu quero ao menos reconhecer os caracteres e tentar entender as placas das ruas, decifrar uma mensagem (sim, porque já vi que os caracteres formam uma imensa carta enigmática. Ao menos para mim). E lá fui eu me matricular no Summer Course da Donghua University. Resumindo é um curso diário de um mês onde você recebe milhões de informações ao mesmo tempo e quase enlouquece. Acho que dá para ver a fumacinha saindo da cabeça de todos os desavisados naquela classe. =]
Na primeira semana, ficamos exaustivamente treinando os tais dos tons e isso é demais de cansativo, pois chega uma hora que ninguém consegue mais identificar tom nenhum. Mǎi é comprar e mái é vender, dá para entender? Mas conhecendo o caractere dá para notar a diferença 买 e 卖.
O interessante de se aprender o caractere, além de reconhecer no ‘desenho’ a diferença entre as palavras, é que eles têm uma lógica, uma história e um sentido para ser ‘desenhado’. Basicamente a formação do caractere parte e quatro princípios que são:
1) a semelhança com o desenho da figura,
2) a auto explicação do ‘desenho’,
3) junção de dois caracteres, cada um com seu significado, para formar um terceiro e
4) a fonética. Esse último é o principio de mais de 90% de todos os caracteres chineses.
Cada traço tem um nome e uma direção. São seis traços básicos e mais 22 derivados desses seis. Então temos 28 tipos de traços que podem formar um caractere. Caracteres que utilizam os mesmos traços podem ter significados completamente diferentes.
Além disso, a ordem de escrita é importantíssima. Sempre primeiro é o horizontal depois o vertical; da esquerda para a direita; de cima para baixo; primeiro a forma de fora depois a de dentro; no caso dos fechados se começa pela forma de fora sem fechar a base, a forma de dentro e depois se fecha ‘a porta’; e nas formas paralelas, primeiro o centro e depois os lados.
E para finalizar a estrutura é outro fator que faz a diferença para escrever corretamente. Bom, basicamente é isso. Simples assim.
Claro que ainda não sei escrever nenhum. Estou tentando, mas ao menos já sei que os tipos de traços são limitados e que não se pode sair por aí rabiscando tracinhos aqui e ali. Já é um começo, não é?
Vamos a segunda semana. Aí conto como está o meu progresso e quanto tempo vou levar para reconhecer os 899 caracteres básicos. =O
Acho que muitos meses…hehehe.
Zài Jiàn! 再见!
ABOUT THE AUTHOR:
After Christine Marote spent 4 years traveling between Brazil and China (Chang Chun, Jilin Province), Christine decided to move to Shanghai in January of 2009. In 2010 she decided to create a blog and share her experiences as a Brazilian expat living in China, and soon her blog became a source of information for foreigners and expats like her that have decided to live in China.
Her blog ‘China na Minha Vida’ describes Christine’s experiences, language challenges, cultural differences and curiosities, and the rich and diverse culture of China in an interesting way.
Christine is Brazilian, holds a degree in Education, and a Masters in Chinese Business and Culture from Jiaotong University.